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Menininha “incompatível com a vida” aprende a falar mamãe

MEGAN WHYTE

Cassy Gray | Facebook

Annalisa Teggi - publicado em 30/12/21

Megan contrariou todas as previsões dos médicos. Os especialistas recomendaram que ela fosse abortada. Mas a mãe se manteve firme: "não sou dona da vida da minha filha nem de sua morte"

Quando estava grávida, Cassy Gray foi informada de que havia apenas 3% de chance de sua filha nascer com vida. Segundo os médicos, ainda que ela sobrevivesse ao parto, não viveria muito tempo depois. A mãe, uma escocesa de 36 anos, foi fortemente aconselhada a “interromper” a gravidez.

“Decidimos imediatamente que o aborto não era uma opção. Ela é um milagre”, afirmou Gray ao The Sun escocês. “Eu desejava muito um filho e decidi deixá-la nas mãos de Deus. Sou muito grata por isso”, afirmou a mãe ao Daily Record.

A menininha, chamada Megan, sobreviveu ao nascimento e agora tem mais de 18 meses. As palavras da mãe, simples e diretas, têm a força de uma racionabilidade enraizada no afeto: “não sou dona da vida da minha filha nem de sua morte.”

https://www.facebook.com/cassygray85/posts/10223954142314271

“Não há nada de errado com ela”

Era 2020 e o mundo inteiro estava lidando com a pandemia. Em Fraserburgh, Escócia, Gray e o pai da criança, Zander Whyte, enfrentaram uma gravidez muito complicada. A ultrassom da 12ª semana revelou que o bebê estava sofrendo de uma condição que os médicos consideram “incompatível com a vida”.

A área frontal do cérebro – a sede do pensamento superior, emoções e habilidades motoras – não se separou em duas partes como deveria e parou de se desenvolver. Os médicos “aconselharam fortemente” Gray a fazer um aborto. Ela e seu marido recusaram. Já mencionamos seus motivos: o bebê viveria ou morreria naturalmente, como Deus quisesse.

A malformação

A malformação fetal que a criança sofre tem um nome complicado: holoprosencefalia semilobar. Seu cérebro parou de se desenvolver na quinta semana de gravidez. Cinco dias antes de seu nascimento, a ultrassonografia parecia mostrar uma imagem ainda pior: “feridas abertas na face, sem maçãs do rosto e os olhos esbugalhados”.

O nascimento é sempre um limiar. No caso da pequena Megan, foi o fim das previsões negativas e o início de uma presença visível de carne e osso. Sim, ela tinha apenas 3% de chance de nascer viva, mas era o suficiente.

A mãe dela confessou ao The Herald:

“Quando ela nasceu, tive medo de olhar para ela por causa do quadro que pintaram. Eu sabia que a amaria, mas simplesmente não sabia se gostaria da aparência dela. Porém, assim que ela nasceu, lembro-me de dizer ao pai dela: ‘Não há nada de errado com ela’… Ela sorri, apesar de tudo – e é uma macaquinha atrevida.”

https://www.facebook.com/cassygray85/posts/10223954142314271

A voz de Megan

As fotos de Megan que sua mãe compartilha no Facebook mostram uma linda garotinha com um sorriso que poderia derreter o Ártico. 

Megan é cega, tem três rins e sofre de epilepsia e diabetes insípido, uma condição rara que causa desequilíbrio dos fluidos corporais.

O cotidiano da família exige cuidados constantes e não esconde o amor e a fragilidade de um ser humano pequeno, que requer cuidados especiais. 

Mesmo assim, notícias surpreendentes se tornaram públicas em novembro de 2021: Megan, aos 18 meses de idade, derrotou todas as terríveis previsões não apenas por viver, mas por começar a falar. E ela o fez seguindo o roteiro mais clássico: numa manhã, ela disse “mamãe”.

Cassy Gray descreve como aconteceu: “Foi muito emocionante, eu não pensava que a ouviria dizer isso. De manhã, ela está sempre falante. Ela apenas gritava – sem palavras em particular – e agora fica dizendo, ‘mamãe, mamãe’, me pedindo para levantar.” 

O jornal Herald acrescenta que Megan também começou a dizer “Nana” – o apelido amoroso de sua avó.

Sim, são vozes como a de Megan – vozes improváveis, correndo o risco de ser silenciadas – que nos convidam a realmente refletir ainda mais sobre o dom da vida.

O poder do sorriso

Um neurologista em Glasgow perguntou à mãe se Megan conseguia sorrir e ela disse que sim. Então a menininha sorriu na hora. O médico, por sua vez, declarou: “É preciso muito mais função cerebral para sorrir do que para fazer muitas outras coisas”.

Talvez devamos sempre ter em mente, além dessa história inspiradora, essa informação sobre o cérebro ter que trabalhar muito para nos fazer sorrir.

Sorrir é um ótimo sinal para Megan, sugerindo um potencial cerebral que os médicos nunca imaginaram. É tentador imaginar o que se passa dentro dela para produzir um sorriso. Pode ser como uma subida muito íngreme que leva a uma vista deslumbrante. É preciso esforço para alcançar essa visão. Para seus pais, ver o rosto dela cheio de alegria é, certamente, um sinal portentoso.

Enfim, sorrir é uma façanha. E o olhar desta menina nos lembra que o melhor que podemos fazer é nos firmar ao lado do mistério da vida.

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