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5 etapas fundamentais para colocar sua vida em ordem

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Andrey_Popov | Shutterstock

Aliénor Strentz - publicado em 02/10/23

Quem nunca experimentou a desagradável sensação de ter usado mal seu tempo e energia e negligenciado suas responsabilidades? Aqui estão 5 passos fundamentais para levar uma vida cristã calma e organizada, longe do círculo vicioso da produtividade a todo custo

Quando se trata de organização, tendemos a procurar ferramentas cada vez mais eficientes, e certamente não há escassez delas nesta era da corrida pela produtividade. No entanto, antes de falar sobre “ferramentas, sistemas organizacionais ou até mesmo listas de tarefas”, é importante dar significado à nossa organização, reconectando-nos com o objetivo final de nossa vida batizada.

1CONHECER NOSSA RAZÃO DE SER

O propósito de nossa vida não é o nosso ego. Tampouco é ser produtivo ou realizar uma infinidade de tarefas. A produtividade não nos dará um propósito na vida. Se vivermos para nossa glória, nossa fama e nosso conforto, certamente perderemos a razão de ser de nossa existência.

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No início de seus Exercícios Espirituais, Santo Inácio de Loyola estabelece o “princípio e fundamento” dos exercícios: “O homem foi criado para louvar, respeitar e servir a Deus, nosso Senhor, e assim salvar sua alma, e as outras coisas na face da terra foram criadas para o homem e para ajudá-lo na busca do fim para o qual foi criado”. Servir a Deus e glorificá-lo em todas as áreas de nossa vida e nas menores ações diárias deve, portanto, ser nossa razão de ser. O apóstolo Paulo nos incentiva nesse sentido: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10:31).

2DESENVOLVER A MAGNANIMIDADE

“A magnanimidade é a virtude daqueles que se consideram dignos de grandes coisas, daqueles que estão conscientes de sua dignidade e grandeza e que afirmam essa dignidade e grandeza em ação” (Coaché par Jeanne d’Arc, Editions Le Laurier, 2020). No decorrer de nossa educação cristã, aprendemos a importância e o valor da humildade, ou seja, de sermos fiéis a nós mesmos. Há outra virtude, igualmente importante, sobre a qual ouvimos falar com menos frequência: a magnanimidade. O escritor Alexandre Dianine-Havard, criador do “Virtuous Leadership System” (Sistema de Liderança Virtuosa), devolveu a ela seu devido lugar. Ela é essencial se quisermos compreender a grandeza de nossas almas e a elevada missão para a qual cada um de nós foi chamado.

Mulher faz coração com as mãos em sinal de amor e gratidão

A magnanimidade de um cristão se baseia em sua dignidade como “filho” ou “filha” de Deus. Não há dignidade maior do que essa. Em vez de buscar a “autoestima” (que o autor define como uma “sensação psicológica”), deveríamos estar desenvolvendo essa grande virtude da magnanimidade. Ao honrá-la, nos damos permissão para sonhar, pensar grande, imaginar as missões mais nobres para nós mesmos e para os outros.

3HONRAR O DESCANSO DOMINICAL

Uma vida ordenada significa discernir nossas prioridades. Felizmente, a Bíblia nos esclarece a esse respeito graças ao mandamento do “sábado” estabelecido nos livros de Deuteronômio (5, 12-15) e Êxodo (20, 8-11). “Santifica o dia de repouso, como te ordenou o Senhor teu Deus”. O tempo de um judeu é, portanto, estruturado em torno desse dia de descanso e louvor a Deus, que ilumina todos os outros dias da semana. O “sábado” (celebrado pelos judeus no sábado) direciona a vida judaica para seu verdadeiro propósito: viver na presença e na amizade de Deus, em comunhão com a Criação, a obra sublime de Deus.

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Como cristãos, somos chamados a interromper nossas atividades aos domingos e a dedicar esse dia para “descansar em Deus”. É certo que não precisamos mais seguir o exemplo judaico de cessar todo trabalho ao pé da letra (os 39 trabalhos listados na Mishna judaica). No entanto, para manter o domingo sagrado, vamos à missa; também podemos dedicar tempo ao estudo da Bíblia, à oração, ao louvor a Deus, à lembrança de suas obras, incluindo sua Criação, e de nossa família, e nos abster de fazer compras ou trabalhar.

A teóloga Sylvaine Lacout escreveu um livro sobre Le shabbat biblique (Editions des Béatitudes, 2009). Ela o vê como mais do que um simples ritual, mas como uma “arte de viver” que “está enraizada em Deus, em uma imitação de Deus, em uma memória viva de sua obra de criação”. Ao interromper voluntariamente nossas atividades aos domingos, mesmo que não tenhamos terminado nossa “lista de afazeres” da semana, estabelecemos limites saudáveis e santificadores para nós mesmos. Afirmamos nossa independência diante da produtividade insana, do frenesi de uma sociedade que quer ser cada vez mais “eficiente” e da ansiedade de nossos contemporâneos. Nós nos fortalecemos em Deus e entregamos a ele a direção de nossa vida e de “nosso” tempo. Ao reservar um dia para Deus, temos a certeza de estabelecer as prioridades corretas e promover a paz de espírito.

4DEFINIR DE SUAS PRINCIPAIS ÁREAS DE RESPONSABILIDADE

Temos apenas 168 horas por semana. Nosso tempo é limitado e, portanto, precioso. Para não ficarmos sobrecarregados com tarefas inúteis, pode ser salutar definir nossas principais áreas de responsabilidade. É isso que o pastor Tim Challies nos aconselha a fazer em seu livro Faire moins. Better (Blf Editions, 2022). A parábola dos talentos, explica ele, nos ensina uma lição: Deus recompensa aqueles que administram fielmente os bens que lhes foram confiados (Mt 25:14-30). Portanto, poderíamos nos perguntar: que bens Deus me confiou? Que responsabilidades ele me deu?

O autor sugere um pequeno exercício para nos ajudar a responder a essas perguntas e organizar nossas prioridades. Isso envolve listar nossas principais áreas de responsabilidade, por exemplo:

  • Pessoal (cuidar do meu corpo, da minha alma, do meu crescimento espiritual);
  • Família (minhas responsabilidades familiares, administrar a casa, as finanças, educar meus filhos);
  • Trabalho (minhas responsabilidades no trabalho, os projetos que quero desenvolver);
  • Trabalho para a Igreja e evangelização (divulgar a Boa Nova, servir a Igreja, participar de uma instituição de caridade);
  • Amigos e arredores (cuidar de meus amigos e das pessoas ao meu redor).

Cada um de nós pode definir suas próprias áreas de responsabilidade, as missões associadas a elas e, em seguida, refinar as tarefas e os projetos que se enquadram em cada uma dessas áreas. Se tomarmos como exemplo a área de responsabilidade “pessoal”, ela poderia ser: “Pessoal: minha missão é crescer espiritualmente, cuidar do meu corpo e da minha alma, aspirar à salvação; as tarefas para cumprir essa missão são ir à missa, ler a Bíblia, confessar-se, ler bons livros etc.”.

O autor então nos convida a fazer um balanço e nos perguntar: minhas atividades estão de acordo com minhas missões? Da mesma forma que nosso guarda-roupa acaba ficando cheio de roupas que nunca usamos, podemos acabar com papéis, tarefas e até projetos que não correspondem à nossa missão. Portanto, é necessário separar as tarefas que são necessárias, aquelas que aceitamos por causa da má administração (de nós mesmos ou dos outros) ou aquelas que aceitamos “por medo dos outros” ou para impressioná-los. Essas tarefas podem ser delegadas, eliminadas ou assumidas. O importante é estar ciente de nossas escolhas e viver plenamente nossas responsabilidades, sem ter a desagradável impressão de estar com a “cabeça embaixo d’água”.

5SELECIONAR DE FERRAMENTAS ORGANIZACIONAIS

Uma vez que essa estrutura tenha sido estabelecida, as ferramentas são úteis para estruturar nossos rituais diários, nossa disciplina de rotinas e, assim, domar nossa tendência à preguiça ou à procrastinação. Há uma infinidade de ferramentas que nos ajudam a gerenciar melhor nossas tarefas, planejá-las em uma agenda e classificar as informações de que precisamos no trabalho ou na vida pessoal. Entre elas estão Todoist.com, Google Calendar, Evernote e Obsidian. O importante é encontrar suas próprias ferramentas, aquelas que você gosta de usar regularmente.

Kobieta zatopiona w modlitwie

Tim Challies compartilha uma de suas rotinas, que ele chamou de “Coram Deo” (Na Presença de Deus). Depois de um tempo de oração, o autor discerne e decide as tarefas a serem realizadas durante o dia ou a semana, organiza as prioridades e planeja as que devem ser deixadas para depois.

Todas essas ferramentas, usadas em uma base sólida, nos permitem viver uma vida cristã calma e organizada. No entanto, precisamos acrescentar dois ingredientes finais que são igualmente essenciais: indulgência para com nós mesmos (porque somente Deus pode completar nossa lista de tarefas diárias!) e abertura para o inesperado, para que possamos acolher plenamente a ação de Deus em nossa vida, seguindo o exemplo do Bom Samaritano (Lc 10: 25-37).

Aliénor Strentz é a fundadora do blog “Chrétiens heureux” e Missionária do Imaculado Padre Kolbe. Ela também tem doutorado em etnomusicologia e é professora de educação de adultos.

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