Os filhos estão isentos

Cristo, que reconciliou o mundo com Deus, pessoalmente não precisava de reconciliação. Ele, que não tinha nem mesmo sombra de pecado, não podia expiar seus próprios pecados. E assim, quando os judeus lhe pediram a moeda do tributo que, segundo a lei, devia ser pago pelo pecado, ele perguntou a Pedro: “O que te parece, Simão? Os reis do mundo, de quem eles cobram impostos e taxas, de seus filhos ou dos estranhos?”. Ele respondeu: “Dos estranhos”. Disse-lhe Jesus: “Então os filhos estão isentos”. Com isso, ele quis dizer que não era obrigado a pagar para expiar seus próprios pecados, porque não era escravo do pecado, mas, sendo o Filho de Deus, estava isento de toda culpa. Pois o Filho liberta, mas o escravo está sujeito ao pecado. Portanto, ele goza de perfeita liberdade e não precisa dar nenhum preço de resgate por si mesmo. Em vez disso, o preço de seu sangue é mais do que suficiente para satisfazer os pecados do mundo inteiro. Aquele que nada deve está em perfeitas condições de satisfazer pelos outros. Mas ainda há mais. Não apenas Cristo não precisa de resgate, nem de propiciação pelo pecado, mas o mesmo pode ser dito de qualquer homem, na medida em que nenhum deles deve expiar por si mesmo, pois Cristo é a propiciação por todos os pecados, e ele mesmo é o resgate de todos os homens.

Santo Ambrósio

Comentário ao Salmo 48,14-15: CSEL 64, 368-370.

Ele nasceu em Tréveris (Alemanha). De família e educação romanas, foi bispo de Milão, pregador eloquente e grande catequista: converteu e batizou Santo Agostinho. É Doutor da Igreja (340-397).